3ª edição | “As Árvores Desconhecidas” | Dez rotas para deslindar o lado escondido das árvores do nosso quotidiano.
Estão lá, à vista de todos. Escondidas de ninguém, mas transparentes para o mundo. Algumas, apesar do esplendor próprio, tornaram-se prosaicas, quase vulgares à custa da habituação. A surpresa porém, reside no que a vista não alcança. São histórias de viajantes, vidas de imigrantes, contos de anciões, percebidas apenas através do conhecimento.
Durante os próximos dez meses, venha ver o que os olhos não veem com a Rota das Árvores do Porto.

“Especiarias alimentadas a clorofila”: São histórias aromáticas de faca e garfo, contadas ao ar livre e polvilhadas com extrato de canforeira e outras especiarias que por entre os socalcos da Quinta de S. Roque vai encontrar. O repasto inclui caneleira, canforeira e loureiro entre outros paladares. A visita leva-o ainda a um labirinto, a um miradouro e a um palacete. Tudo mesmo ali ao lado do estádio da bola.
Abertura das inscrições: 11 de novembro 2022, às 21h00 | Convite | Relato
PARQUE DE S. ROQUE | Sábado | 14h30–17h00 | 19 de novembro 2022
Com origens que remontam ao final do século XVIII, a Quinta de São Roque da Lameira, tal como hoje a conhecemos, é, largamente, fruto das profundas intervenções a que seria sujeita a partir do início do século XX, organizando-se o jardim e o parque numa série de socalcos ao longo da encosta que se desenvolve nas traseiras da casa, exposta a sul e com soberbas vistas para o rio Douro. Desses tempos permanecem emblemáticos elementos do período romântico, como a gruta e o seu mirante, envolvidos por um notável, diversificado, cosmopolita e já centenário conjunto arbóreo-arbustivo repleto de curiosidades. Nele se escondem, à vista de todos, parentes menos conhecidos, e igualmente aromáticos, de plantas tão presentes no nosso dia-a-dia como a caneleira, o loureiro e o eucalipto. Saberá reconhecê-las? Onde estarão? Isso, e muito mais, é o que será revelado ao longo desta visita.

“Um Natal chiquérrimo em junho”: Junho não é mês de celebrações natalícias, mas estamos na Foz. E na zona “chique” da nossa cidade, tudo tem um certo glamour e um calendário próprio. O jardim do Passeio Alegre é por isso uma peça de autor, com passado (inaugurou em 1892), campo de golf (mini) e um chalé onde se comem scones. As árvores são quase todas oriundas de remotas ilhas e a mais natalícia floresce no verão, no verão da Nova Zelândia que acontece no Natal. Por cá ainda é junho mas o espetáculo é o mesmo e promete.
Abertura das inscrições: 10 de junho 2022 às 21h00 | Convite | Relato
PASSEIO ALEGRE | Sábado | 14h30–17h00
Inaugurado em 1892, e com desenho do arquiteto paisagista Jerónimo Monteiro da Costa, este jardim oitocentista, construído sobre terrenos conquistados ao rio Douro, é o mais “oceânico” de todos os jardins portuenses, verdadeiro cartão de visita do Porto para quem a ele chega por via marítima. O seu perfil é incomparável, e inconfundível, relativamente a qualquer um dos muitos outros existentes na cidade, o que se deve, largamente, à grande concentração de palmeiras-das-canárias e de araucárias-de-norfolk que encerra, ambas nativas, como os seus nomes indicam, de além-mar, de ilhas isoladas pelas águas do Atlântico e do Pacífico. Não são, no entanto, as únicas com essa origem insular existentes neste jardim, há, assim, outras para revelar. E se uma delas é “fogosa” e com um “coração de ferro”, de paragens longínquas e, no entanto, tão “próximas” de Portugal, outra é delicada e vistosa, emanando a sua floração um doce aroma a flor de laranjeira. Será que consegue adivinhar quais são? E de que ilhas virão?

“Uptown Porto”: Não é todos os dias que podemos aceder ao indevassável mundo dos artistas e criadores da aristocracia Portuense, mas hoje é dia aberto na zona “Up” da nossa cidade: a Boavista. O percurso de três atos abre na privacidade dos jardins da residência de Marta Ortigão Sampaio, segue pelo espaço que outrora albergou a feira do livro e culmina onde tudo sempre acaba: sob terra em Agramonte. Pelo meio, árvores excêntricas vestem de azul e o âmbar perfuma o ar. Vamos sair com os artistas.
Abertura das inscrições: 13 de maio 2022 às 21h00 | Convite | Relato da visita
MUSEU DA CIDADE – JARDIM DA CASA MARTA ORTIGÃO SAMPAIO, PRAÇA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE e CEMITÉRIO DE AGRAMONTE | Sábado | 14h30–17h00
Um cemitério oitocentista de 1855, um jardim público novecentista de 1906 e um jardim privado modernista de 1958; que poderão ter em comum estes três espaços com funções, dimensões e traçados tão distintos, para além da sua proximidade, localização na cidade e, curiosamente, os quase 50 anos de diferença existentes entre cada um? Qual será esse elemento tão especial e intemporal que os une? Que mais poderia ser, senão as muitas centenas de árvores e arbustos que no seu conjunto podemos encontrar, compreender e admirar. Ao longo deste passeio iremos ver que se há árvores que “se vestem” de azul, outras há que usam longas “saias”, que se enfeitam com “tulipas” ou se perfumam com “âmbar líquido”. Quem sabe, talvez, para assistir ao “casamento” que por ali todos os dias acontece, entre a Europa e América do Norte, e para o qual também todos fomos convidados. Vamos?

“Sidónio e a oriental fábrica Portuense de árvores”: É daqui que sai a flora que refresca e adorna a nossa cidade. O “oriente” tem sempre um fascínio e o Viveiro Municipal não desilude, com um misto de botânica e nostalgia que poderia perfeitamente ilustrar um conto infantil. Logo abaixo da azáfama do Viveiro, nova descoberta a oriente. Grande (o segundo maior da cidade), novo e de autor. Sidónio Pardal é o arquiteto por trás do Parque Oriental o que deixa antever um espaço para apreciar. Pelo meio, vai encontrar um rio, o rio Tinto, e claro, muitas espécies de flora, como o Carvalho-Alvarinho que abre as portas do parque.
Abertura das inscrições: 15 de abril 2022 às 21h00 | Convite | Relato da visita
PARQUE ORIENTAL DA CIDADE e VIVEIRO MUNICIPAL | Sábado | 14h30–17h00
Espraiando-se ao longo das margens do rio Tinto, o Parque Oriental da Cidade é ainda um jovem quando comparado com outros espaços verdes da cidade. Não lhe faltam, porém, atrativos botânicos que justifiquem uma visita, nomeadamente a frondosa mancha de carvalho-alvarinho e sobreiro que nos recebe logo à entrada. Para além destes nossos amigos de longa data há outros, porventura mais desconhecidos, que iremos descobrir, que tanto dão guarida a “carpas” ou a “borboletas”, ostentam “prata” nas suas folhas ou então se metamorfoseiam de tons acobreados no outono, mas sem nunca perderem a compostura… Ali ao lado, no Viveiro Municipal, de onde todos os anos saem os muitos milhares de flores que trazem vida, cor e alegria a tantos espaços verdes da cidade, outros iremos ainda visitar, nomeadamente uma delicada e afogueada donzela que, todas as primaveras, nos “pisca o olho”, mostrando-nos as suas longas e alvas “pestanas”.

“Tuberculose, concertos e bonsais”: Se algum dia transportou no seu bolso uma pequena criatura sobre a qual tinha responsabilidades como alimentação, cuidados e entretenimento, é muito provável que já tenha “batido pé” noite dentro ao som de “um” Quim Barreiros no local da nossa próxima visita: a Quinta do Covelo. Covelo, para que se saiba, é o apelido de um dos antigos proprietários e já agora, Tamagotchi o nome da criatura que trazia no bolso. Doada para a construção de um hospital dedicado à tuberculose que nunca aconteceu, a Quinta é hoje um espaço verde relevante e o domicílio de uma “comunidade” oriunda do país dos tamagotchis, o Bordo-do-Japão. Que já agora, dá uns belíssimos bonsais.
Abertura das inscrições: 11 de março 2022 às 21h00 | Convite | Relato da visita
PARQUE DO COVELO | Sábado | 14h30–17h00
Situada num dos pontos mais altos da cidade, ocupando uma posição estratégica que muito útil viria a ser na defesa da cidade durante o Cerco ao qual esta estaria sujeita entre 1832 e 1834, as origens da Quinta do Covelo remontam ao início do século XVIII, quando terá sido fundada por um fidalgo da Casa Real, de seu nome Pais de Andrade. À data do Cerco seria já propriedade de Manuel José do Covelo, que para além do nome pelo qual a quinta viria a ser conhecida, seria responsável pelo seu cultivo e ajardinamento. Na densa mata que se estende nas traseiras do antigo solar da quinta vegetam alguns elementos arbóreos de sublime dimensão, porventura sobreviventes desses tempos já tão distantes. Um deles, ou melhor, uma delas, é uma verdadeira Southern Belle, uma velha dama proveniente de terras do sul dos Estados Unidos da América e que, todos os verões, engalana os seus “cabelos” com grandes e aromáticas flores brancas. Porque serão tão carnudas as suas pétalas e também os seus “cabelos”? Isso, e muito mais, é o que iremos descobrir nesta visita.

“Degustar pilritos a Ocidente ”: De todos, este é aquele a quem chamamos “o parque”. É o maior, o mais conhecido e aquele que todos nós certamente já percorremos. Apesar disso, cada nova visita traz consigo a descoberta de um novo espaço ou um recanto por explorar. Agora, imagine numa visita guiada. Para aguçar o apetite, fique a saber que este é o maior parque urbano do país e que nele há um fruto abundante e comestível chamado Pilrito. Reserve o seu lugar, vamos ao Parque da Cidade.
Abertura das inscrições: 11 de fevereiro 2022 às 21h00 | Convite | Relato da visita
PARQUE DA CIDADE | Sábado | 14h30–17h00
Com aproximadamente três décadas de existência, o Parque (Ocidental) da Cidade desenvolve-se numa pendente muito suave que desce até quase tocar as águas do Atlântico, uma característica que lhe empresta um cunho muito particular, sendo considerado o maior parque urbano de Portugal e, atualmente, um dos espaços verdes mais acarinhados e populares da cidade. Apesar da sua proximidade ao oceano, geralmente muito limitadora no que à diversidade arbóreo-arbustiva respeita, nele podemos encontrar muitas dezenas de espécies de árvores e arbustos, autóctones e alóctones, perfeitamente adaptadas às condições por vezes muito agrestes que aí se verificam. Uma delas é um dos mais ilustres, sazonalmente exuberantes e aromáticos membros da nossa flora, um grande arbusto cujos pontiagudos espinhos denunciam o seu parentesco com outras espécies, possivelmente, bem mais nossas familiares como as roseiras, amendoeiras e macieiras. O que será? Vamos conhecê-lo?

“Cemitérios, coretos e alegria”: Nesta visita poderá provar pinhões com sabor a castanha (!) e apreciar umas ginginhas-de-rei. Poderá também conhecer aquela que é a gigante das gigantes mas para isso terá de passar pelos portões do Prado do Repouso, o cemitério onde vive a colossal Sequoia. Pelo caminho, um coreto e uma Magnólia-de-flores-grandes (o nome não é gratuito, acreditem) adornam uma visita que pode ou não terminar na praça da Alegria. Encham o peito, vamos ao cemitério do Prado do Repouso e ao jardim de S. Lázaro.
Abertura das inscrições: 14 de janeiro 2022 às 21h00 | Convite | Relato da visita
JARDIM S. LÁZARO, PRAÇA DA ALEGRIA E CEMITÉRIO PRADO DO REPOUSO | Sábado | 14h30–17h00
A década de 30 de 1800 vê nascer dois importantes equipamentos públicos na zona oriental do Porto; os primeiros dos seus géneros na cidade: o Jardim de São Lázaro, em 1834, no antigo Campo de São Lázaro, e o Cemitério do Prado do Repouso, em 1839, nos terrenos da então designada Quinta do Prado do Bispo, pertença do clero portuense. Atualmente, e apesar de destinados a usos tão díspares, apresentam ambos um diversificado, e por vezes monumental, património arbóreo e arbustivo, do qual fazem parte uma “árvore dos rosários” e dois gigantes nativos das orlas do Pacífico, um do norte, que “arranha os céus”, e outro do sul, um prolífero produtor de pinhões com sabor a castanhas, que iremos conhecer ao longo da visita. Esta incluirá, ainda, uma breve passagem pela Praça da Alegria, onde reside uma árvore muito apreciada por reis e nobres romanos.

“A mata do segredo”: Não é fácil tomar por certo, mas ainda assim não é propriamente um segredo. São 7 hectares de sobreiros, aveleiras, freixos e amieiros escondidos de tudo e à vista de todos. O segredo, talvez resida no facto de estarmos a falar do belíssimo Parque da Pasteleira.
Abertura das inscrições 3 de dezembro às 21h | Convite | Relato da visita
PARQUE DA PASTELEIRA | Sábado | 14h30–17h00
Numa roliça colina sobranceira à Ribeira da Granja, o Parque da Pasteleira, com pouco mais de década e meia de existência, engloba no seu âmago resquícios da vegetação natural desta zona da cidade, composta, maioritariamente por manchas de pinheiro-bravo e sobreiro que, pela jovialidade do parque, são ainda hoje as espécies com maior destaque. Encontram-se, no entanto, agora rodeadas por muitas dezenas de outras espécies, tanto autóctones como exóticas que vieram, de forma muito significativa, aumentar a biodiversidade botânica presente no parque, plena de curiosidades por descobrir. Saberá por acaso como identificar um sobreiro nunca descortiçado? E que árvore terá folhas a cheirar a amêndoa amarga? E as aveleiras? Serão todas iguais? E os amieiros e os freixos? O que será que os distingue? Ora é precisamente isso, e muito mais, que vamos revelar nesta visita.

“Exotismos de colecionador”: Troncos cobertos de picos, árvores vestidas de algodão, imperatrizes adornadas a ouro e leques no lugar de folhas. Tudo peças de uma rara e exótica coleção botânica que fez as delícias da refinada sociedade Portuense de 1800 e agora disponível para o comum dos mortais. Venha, vamos ao Jardim das Virtudes.
Abertura das inscrições 5 de novembro às 21h | Convite | Relato da visita
PARQUE DAS VIRTUDES | Sábado | 14h30–17h00
Desenvolvendo-se sobre um distintivo conjunto de socalcos, nas margens de um vale encaixado por onde corriam, outrora, as águas do rio Frio, foi aqui, na antiga Quinta das Virtudes, que, ao longo de várias décadas do século XIX, se reuniu um dos mais surpreendentes conjuntos de plantas raras e exóticas que os portuenses, e até a realeza portuguesa, viriam a ter o prazer de alguma vez admirar: o Horto de José Marques Loureiro. Poucos são hoje os sobreviventes dessa opulência botânica, mas entre os que sobrevivem encontra-se uma “rainha”, ou melhor, uma “imperatriz”, oriunda das distantes terras do Oriente, que todos os anos, no outono, homenageia o sol com um renovado manto da cor do ouro. Não muito longe encontramos uma guerreira, que, com longos espinhos, defende ferozmente as suas vistosas flores e o fofo algodão para as nossas almofadas… Consegue adivinhar de que árvores estamos a falar?

“Regresse à Expo de 1865”: Mais de 150 anos depois, visite ou revisite os bosques e jardins desenhados para a exposição internacional que decorreu no Porto. Agora, sem filas!
Abertura das inscrições 8 de outubro às 21h | Convite | Relato da visita
JARDINS DO PALÁCIO DE CRISTAL | Sábado | 14h30–17h00
Inaugurados a 18 de setembro de 1865, aquando da abertura da Exposição Internacional do Porto, os Jardins do Palácio de Cristal, desenhados pelo arquiteto paisagista alemão Emílio David, constituem-se como o primeiro grande espaço de recreio público na cidade, numa composição entre jardins formais na frente do antigo palácio, uma longa alameda e bosquetes de cariz romântico nas encostas envolventes. Passados mais de 150 anos desde a sua inauguração, apresenta hoje um conjunto arbóreo-arbustivo admirável, composto por espécies provenientes de todos os cantos do planeta, atingindo alguns exemplares portes verdadeiramente notáveis. No decorrer desta visita, iremos descobrir que nem só de pinheiros nascem pinhões e que há “maçãs” sem macieiras, que há árvores que “nascem nas nuvens”, mas que acabam com os “pés” bem assentes na terra, que umas cheiram a gengibre e outras a canela, entre tantas outras curiosidades.