Árvore perenifólia e resinosa, de copa cuja forma varia com a idade, passando do piramidal com ramificação desde a base até a uma copa rasa e apenas ramificada na parte final do tronco, o Pinheiro-silvestre pode ultrapassar os 200 anos de longevidade e alcançar cerca de 40 metros de altura.
Com a mais ampla distribuição mundial do seu género, o Pinheiro-silvestre é natural da Ásia e das regiões do Norte e Centro da Europa. Sendo frequentemente cultivado na região mediterrânica, em Portugal surge em povoamentos florestais, em jardins e parques públicos de zonas de maior altitude, estando apenas considerado como espontâneo na Serra do Gerês. É uma espécie pioneira e que se adapta a habitats com características ecológicas bastante diferenciadas. A sua grande tolerância aos ventos e o seu rápido crescimento conjugado com a pouca exigência quanto ao tipo de solo, fazem do Pinheiro-silvestre uma espécie frequentemente usada para a criação de barreiras de vento, para fixação de terrenos desagregados ou sujeitos a erosão e como elementos de estabilização e proteção em locais de avalanche. Apresenta alguma tolerância à poluição atmosférica e à exposição marítima.
O Pinheiro-silvestre apresenta um tronco ereto, com uma casca pouco espessa, castanha-escura e fendida na base e de cor vermelho-alaranjado nos ramos superiores onde se desprende em placas finas. As folhas, rígidas e em forma de agulha, surgem agrupadas em pares e exibem um tom glauco. As flores masculinas apresentam uma cor amarela, enquanto que as femininas são de um tom avermelhado. As pinhas, de forma ovoide ou cónica e cor castanha-amarelada, são caducas. As sementes, pequenas e oblongas, são aladas. O período de floração dá-se no mês de Março.
As substâncias extraídas das folhas, sementes, casca e resina podem ser usadas em inalações, banhos e pomadas, pois apresentam ação anti-reumática, balsâmica, diurética rubefaciente e vermífuga. Sendo, no entanto, a ação anti-séptica e a ação ao nível do aparelho respiratório as mais valorizadas pela medicina tradicional e moderna.
Na sua casca, folhas, pinhas, resina e madeira todos os povos encontraram aplicações quotidianas. Da casca interna, moída e muitas vezes misturada com aveia, confecionou-se pão e fabricaram-se fibras que se transformaram em cordas. Das suas folhas, extraiu-se corante de tonalidade verde, fabricaram-se herbicidas naturais, retiraram-se fibras para acondicionamento em embalagens e enchimento de almofadas e colchões e extraem-se, ainda, óleos essenciais usados na indústria farmacêutica e perfumaria. Das pinhas obteve-se um corante de tom amarelo-avermelhado. Da sua resina obtém-se terebentina, usada como solvente no fabrico de tintas, vernizes e ceras e em produtos impermeabilizantes e conservantes para madeiras. Da sua madeira, de boa qualidade, com poucos nós e dureza média, obteve-se matéria prima para construção, marcenaria e carpintaria. Os seus troncos e ramos deram corpo a mastros de embarcações, postes de eletricidade, travessas para linhas férreas e esteios para vedações. Foi também uma importante fonte de combustível, pelo que a sua população entrou em declínio. É, ainda nos dias de hoje, uma das principais espécies usadas como “árvore de Natal”, sobretudo nos Estado Unidos da América, e ocupa um lugar de destaque no comércio de madeiras nos países nórdicos.
Ao longo dos séculos, o Pinheiro-silvestre, viu a sua existência envolta em mitos, lendas e folclore. Nas celebrações do solstício de inverno, os Druidas ateavam os seus troncos em grandes fogueiras, marcando a passagem das estações e evocando de volta o Sol e adornavam os seus ramos com objetos brilhantes, tradição que se crê estar na origem das “árvores de Natal”. As suas pinhas foram usadas, por gregos e romanos, como símbolo de fertilidade e gravadas em amuletos. Pela sua longevidade e folhagem persistente, foi também considerado símbolo de imortalidade e usado em celebrações em honra das divindades greco-romanas. Na Sibéria, junto ao lago Baical, o povo mongol considerou-o sagrado e as suas florestas deviam ser veneradas e percorridas em silêncio, como sinal de respeito aos deuses e espíritos da madeira.
Pela sua aparência diferenciada, o Pinheiro-silvestre foi frequentemente usado como marco paisagístico. Nas Terras Altas, na Escócia, ele era usado para marcar os locais de enterro de guerreiros e chefes. Foi também usado, por escoceses e ingleses, para marcar caminhos, estradas e cruzamentos e para indicar e delimitar terrenos de pasto e pernoita para rebanhos e pastores.
Árvore nacional da Escócia, o Pinheiro-silvestre é o emblema adotado por vários clãs estando também profundamente ligado à toponímia deste país.
Texto: Mariana Santos | Foto: Marta Pinto
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