Árvore caducifólia, de copa inicialmente cónica e estreita tornando-se densa, ampla e aplanada, a Faia pode atingir os 40 metros de altura e alcançar uma longevidade de 300 anos.

A Faia apresenta uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo no Centro e Norte da Europa e na região Oeste da Ásia. Em Portugal, surge cultivada nas serras das regiões do Centro e Norte onde se adaptou e onde apresenta alguma regeneração espontânea. Ocorre sobretudo em zonas de montanha com solos férteis, bem drenados e preferencialmente calcários podendo, no entanto, surgir a baixa altitude. Resistente ao frio, mas sensível aos efeitos das geadas tardias, é uma espécie de sombra que forma bosques densos (Faiais) onde frequentemente desempenha o papel de espécie dominante. Tolerante a ventos fortes e à poluição atmosférica, mas não à exposição marítima, necessita de uma atmosfera húmida e de precipitação bem distribuída ao longo de todo o ano.

O seu tronco robusto e cilíndrico reveste-se de uma casca quase lisa e de tom acinzentado e claro. Apresenta numerosos ramos e raminhos glabros de tom castanho-púrpura. As folhas, alternas e pecioladas, apresentam um limbo de forma ovada ou elíptica e de ápice agudo. Dispostas na sua maioria paralelas ao solo, as folhas de tom verde e de aspeto tomentoso enquanto jovens, exibem uma margem ondulada e com pubescência esbranquiçada, bem evidente em contraluz. Durante o Outono, a coloração das folhas tinge-se de tons que variam do amarelo intenso ao castanho. As flores da Faia são pequenas e surgem simultaneamente com as folhas. As masculinas, amareladas, agrupam-se em amentilhos longamente pedunculados e assemelham-se a pequenos novelos pendentes dos ramos. As femininas, de tom esverdeado, apresentam-se eretas e surgem nas extremidades dos raminhos novos, em estruturas pilosas de cor verde. Os frutos, pequenas núculas, são angulosos de tom castanho e aspeto brilhante e encontram-se no interior de uma cúpula lenhosa e encrespada que se abre na maturação.

Espécie de elevado valor florestal e ornamental, são muitas as variedades cultivadas que ostentam características particulares e que lhes conferem aparências distintas, desde a cor e formato das folhas (douradas, púrpuras, acobreadas, tricolores, lobadas…) ao hábito (copas colunares, ramos eretos, retorcidos, pendulares,…).

A Faia serve de alimento a muitos dos animais que vivem nos bosques e serviu também, em tempos de fome, os propósitos alimentares dos humanos. Os seus frutos, apesar de alguma toxicidade, eram moídos e misturados em farinhas de cereais, para a confeção de pães e bolos e usados como substituto do café. Ricos em óleo, os frutos são ainda hoje usados para o fabrico de óleo de tempero. Também ao gado a Faia providenciou alimento, ainda no século XX o gado era conduzido para os bosques para se alimentar dos seus frutos. Este hábito era particularmente vulgar em França, onde perus e porcos eram engordados com os frutos da Faia. Em Inglaterra esta alimentação estava reservada para os veados. Também as folhas serviram de alimento a humanos, cozidas ou frescas e misturadas em saladas. Durante a 1ª Grande Guerra Mundial, os alemães, tentaram usar as folhas das Faias como tabaco, mas sem grande aceitação. Pequenas aparas da sua madeira são usadas para aclarar o vinho.

As substâncias extraídas, sobretudo da casca, conferem à Faia propriedades que na farmácia lhe permitem usos como antiácido, antipirético, antisséptico, antitússico, expetorante e odontálgico.

Mas as aplicações da Faia vão muito além da alimentação e da farmácia, sendo-lhe conhecidos cerca de 250 diferentes usos – o que a torna uma das árvores mais utilizada na Europa. A madeira, de tom branco-amarelado e avermelhada após o corte, é de grande qualidade. Resistente ao desgaste, forte e com excelentes capacidades de flexão, é ideal para a construção de barcos, remos, travessas para caminhos-de-ferro, pavimentos, móveis, instrumentos musicais, utensílios de cozinha e brinquedos. Em alguns países é usada para o fabrico de pasta de papel. Frequentemente usada como combustível (lenha ou carvão) pelo seu elevado potencial energético. Terá sido também das cinzas da madeira de Faia que, entre os séculos XII e XVII em Inglaterra, se fabricava sabão. Com a queima da madeira da Faia fumam-se os arenques. A partir das sementes extrai-se um óleo usado como combustível para iluminação, como lubrificante e para polir madeira. Das folhas, recolhidas no Outono antes das geadas, fazem-se enchimentos para colchões. Os gomos, colhidos durante o Inverno e deixados a secar nos raminhos, são transformados em palitos.

Para os druidas, a Faia estava associada à aprendizagem, ao estudo, à sabedoria e conhecimento escrito. Com pequenas placas de Faia julga-se terem sido criados os primeiros livros, relação que ainda hoje se advinha nas palavras alemãs buch (livro) e buche (Faia) ou na palavra sueca bok, que simultaneamente significa livro e Faia. Os seus ramos bifurcados eram tradicionalmente usados como ferramentas de adivinhação. Símbolo da feminilidade e tida como a Mãe dos Bosques, na Grã-Bretanha, a Faia foi considerada a rainha das árvores, sendo o Carvalho o seu consorte. Respeitada como árvore sagrada, acreditava-se que a Faia conferia proteção a todos aqueles que, estando perdidos, nela procurassem abrigo. As tradições populares celtas ligavam-na aos desejos, que se proferidos sob os seus ramos, ou neles gravados, se concretizariam. No folclore romeno, a Faia surge também como sendo sagrada e estando presente nos ritos de passagem – nascimento, casamento e funeral. Na Grécia antiga, os ramos de Faia eram usados para distinguir os vencedores dos jogos, tal como o faziam com o Loureiro. Também Helena de Troia se diz ter usado os ramos de Faia, mas para distinguir os seus amantes, tendo neles gravado as suas iniciais. Para os romanos, a Faia era respeitada por ser sagrada para vários deuses, sobretudo para Diana, deusa da natureza, dos animais e das florestas selvagens.

Texto: Mariana Santos | Foto: Marta Pinto

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Características

  • Altura : Até 40m.

  • Fruto : Aquénio semelhante à castanha, mas de forma angulosa e triangular, envolvido por uma cúpula espinhosa.

  • Habitat : Prefere vales e umbrias frescos e humidos de solos calcários profundos.