Com mais conhecimento sobre as plantas invasoras e depois de identificarem as espécies presentes nos seus recreios escolares, em março passado, os docentes de 4 escolas participantes no projeto Recreio Escolar Livre de Invasoras, em Vila Nova de Gaia, iniciaram as ações de controlo das plantas invasoras nas respetivas escolas.

A partir de abril, as ações de controlo decorreram com o apoio do Município de Vila Nova de Gaia e do CRE.Porto. A erva-das-Pampas (Cortaderia selloana), uma espécie invasora muito presente no território, e nas escolas participantes, foi a espécie prioritária para controlo, por arranque manual, no ano letivo 2023/24.

Na Escola Básica Adriano Correia de Oliveira, 15 alunos do sétimo ano e a sua docente, numa ação de controlo propuseram-se a remover todas as ervas-das-Pampas de um canteiro selecionado do recreio da escola, e assim foi. Abraçaram o desafio, equiparam-se de luvas, sachos-de-mão e enxadas e arrancaram manualmente 35 plantas, pequenas e grandes, cujos alunos empenharam-se até passar uns minutos do toque para o intervalo, pois não iam deixar o trabalho por concluir. Com uma área verde extensa, os focos de invasão persistem noutros canteiros da escola, no entanto o local de intervenção é menos um espaço onde esta invasora se irá desenvolver.

Na Escola Básica Anes de Cernache, a turma participante do sétimo ano realizou duas ações de controlo e atuou sobre duas invasoras: a erva-das-Pampas e o chorão-das-praias (Carpobrotus edulis). Esta última, uma invasora mais associada às dunas costeiras, mas também presente em zonas urbanas, necessita de intervenções futuras na escola para que os tapetes impenetráveis estabelecidos por esta espécie, sejam completamente removidos, todavia os alunos já iniciaram o processo. Numa ação de controlo, 16 jovens energéticos e a docente, conseguiram arrancar manualmente 21 erva-das-Pampas, de uma área previamente selecionada. Uma turma que se surpreendeu pela dificuldade acrescida de remover as plantas de maior porte, porém não baixaram os braços e foram persistentes.  Com trabalho de equipa, foram alternando para cavar bem fundo e retirar toda a raiz das plantas, enquanto outros iam recolhendo o material vegetal já arrancado. Quando a ação acabou, ainda queriam continuar a enfrentar as invasoras, mas não sendo possível concretizar mais ações este ano letivo, a restante área invadida da escola continuará a ser alvo de controlo no próximo ano.

Na Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, a docente participante e as duas turmas de oitavo ano (45 alunos), já com trabalho iniciado no ano letivo 2022/23, deram continuidade ao controlo da erva-das-Pampas, arrancando manualmente 50 plantas em três ações de controlo. Apesar desta espécie invasora ser o alvo, os alunos dedicados ainda conseguiram atuar sobre outras invasoras presentes: a tintureira (Phytolacca americana), a falsa-árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum) e removeram todas as plantas de tabaqueira (Solanum mauritianum). A escola ficou com muito menos focos de invasão e com o plano de controlo traçado, mais uma comunidade escolar vigilante para novos focos de invasoras que possam surgir, poderão continuar a aplicar os métodos de controlo adequados.

Na Escola Secundária Gaia Nascente, 15 alunos do ensino secundário (11º e 12º ano) e a docente, na sua ação de controlo, removeram com muita satisfação 40 erva-das-Pampas da área selecionada para controlo. Entre alguns chuviscos, os alunos não foram demovidos e arduamente retiraram plantas de vários tamanhos, que ficaram acumuladas no terreno até secarem completamente e serem descartadas em segurança; a comunidade escolar ainda removeu jarros-de-jardim (Zantedeschia aethiopica), uma espécie exótica que começa a dispersar para além do sítio da sua plantação e que tem um núcleo em monitorização na escola. Este é mais um estabelecimento escolar que beneficia de uma grande área verde no seu recreio escolar e desafiante do ponto de vista de atuação das espécies invasoras devido a taludes íngremes e árvores adultas, produtoras de sementes, de acácias, contudo, e com uma visão a longo prazo do projeto, espera-se conseguir atuar sobre estes focos.

A comunidade escolar em Vila Nova de Gaia, totalizou 7 ações de controlo no ano letivo 2023/24, um marco importante para a primeira edição do projeto RELI no Município, com alunos e docentes proativos, em alerta para as espécies invasoras e com motivação para continuar a missão do projeto, de modo a conseguir alcançar o objetivo. Eliminar as espécies invasoras de uma área poderá ser um longo caminho, mas as ações concertadas e monitorizadas contribuirão para resultados positivos.

O projeto RELI – Recreio Escolar Livre de Invasoras é desenvolvido no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, em colaboração com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e o CRE.Porto. O CRE.Porto é uma rede de educação-ação para a sustentabilidade liderada pela Universidade Católica Portuguesa – Porto e pela Área Metropolitana do Porto.