“Nunca tinha observado tão de perto um gafanhoto! Que experiência fantástica!” Este foi um de muitos comentários registados nas escolas que iniciaram este segundo período do ano letivo a usar a Natureza como sala de aula. Cerca de 690 alunos, desde o pré-escolar até ao ensino profissional, em janeiro, saíram da sala de aula e foram descobrir toda a riqueza dos seus espaços verdes.
O desafio mensal lançado, aos docentes que integram o projeto “A Natureza é a melhor sala de aula”, foi o de sair fora das quatro paredes da sala e com os seus alunos aprender e estudar a biodiversidade, matemática, formas geométricas, escrita, cadeias alimentares, técnicas de amostragem de fauna, estruturas celulares, formas, aromas e muito, muito mais! Descobrir o que os espaços verdes escondem em pleno inverno poderia parecer impossível, pois muita da vida está “adormecida”, no entanto e rapidamente os nossos alunos perceberam que não era bem assim!
Os registos dos docentes foram imensos, desde a fotografia, aos desenhos, às composições, e às preparações laboratoriais, até pesquisas feitas na internet.
No Agrupamento de Escolas de Rates, Póvoa de Varzim, os alunos recolheram pequenas aranhas em copos para as observar melhor à lupa na sala de aula. Em Escariz, Arouca, os alunos de secundário estudaram geografia fora da sala de aula e muito mais: a incidência dos raios solares; o movimento de rotação e translação da terra; o crescimento de líquenes nas árvores; e os vestígios da presença de coelhos. Estes foram temas explorados no recreio e que mereceram a concentração de todos. No dia seguinte, tudo o que tinha sido explorado, foi partilhado com os colegas do pré-escolar, que conseguiram sentir e descobrir quase tudo, com as suas mãos mais pequeninas. Da mesma forma, em Santa Maria da Feira, na EB Milheirós de Poiares, a manhã de sol foi convidativa para a descoberta do jardim. Todos os sentidos foram postos à prova e o que não pôde ser observado fora da sala, foi depois explorado em contexto de aula.
Na EB do Buzio, em Vale de Cambra, a Matemática foi rainha e a Natureza foi um excelente reino com as simetrias, formas, números e muito mais. No Agrupamento de Escolas Dr. Ferreira da Silva, Oliveira de Azeméis, as folhas de bio-registos foram preenchidas ao pormenor e afinal, quanta (bio)diversidade escondia o seu belo jardim! Na Secundária Gaia Nascente, Vila Nova de Gaia, e no Agrupamento de Escolas Irmãos Passos, Matosinhos, a Natureza depois de explorada e sentida, entrou dentro dos computadores e o resultado traduziu-se em registos de vídeos e fotografias de quase tudo o que existia no jardim, o que revela que a tecnologia e o verde podem e devem andar de mãos dadas. Quer em Gondomar na EB Infanta D. Mafalda, quer no Porto na EB1 da Vilarinha, a chuva não desmobilizou os alunos e a perseverança compensou, pois se em Gondomar a descoberta de um pequeno sapo parteiro durante a exploração dos espaços verdes junto da escola foi um momento único para conhecimento, no Porto depois das descobertas ainda houve tempo para trabalhar na horta e semear algumas ervilhas!
Na Maia, na EB Monte Calvário provou-se que mesmo num espaço de exterior pequenino se consegue fazer grandes descobertas! Um jardim pode ter poucas árvores, mas sendo todas diferentes, todas podem ser estudadas e apreciadas usando os cinco sentidos. Na EB de Recarei, Paredes, a atenção dos alunos já está bastante treinada, no entanto, há sempre coisas novas para observar e perspectivas diferentes para se ver a mesma planta ou o mesmo animal, e assim sendo, nada como uma lupa bem juntinha da câmara fotográfica para se conseguir ver além do que os nossos olhos alcançam!
Em Vila do Conde na EB D. Pedro IV a mudança na atitude dos alunos do clube de ciência foi maravilhosa! A aula começou com o cantar de pássaros e saquinhos com aromas da floresta! Já depois, no jardim da escola, o medo inicial de mexer na terra e nos pequenos animais rastejantes, rapidamente se converteu em amizade e no final da manhã, a rã de focinho pontiagudo foi vista pela primeira vez, e as minhocas ganharam pequenas casas no relvado da escola! Na EB do Castro, Trofa os alunos e professores quiseram mesmo garantir uma boa amostra da sua biodiversidade e nada como aprofundar os conhecimentos sobre as técnicas de amostragem de fauna. Assim, as pequenas “pitfalls” escavadas no jardim da escola, mostraram-se muito úteis para conhecer os insetos que habitam aquele lugar. Em Valongo, os alunos da ES de Alfena quiseram partilhar as suas descobertas não só com a restante comunidade do projeto, como com toda a comunidade cientifica, ao carregarem os resultados dos seus inventários de fauna e flora na plataforma iNaturalist, um projeto científico que une naturalistas, biólogos ou simples amantes da natureza, com o mesmo objetivo de construir e mapear a biodiversidade em todas as partes do globo. No Instituto Nun´Alves, Santo Tirso, os pequenos biólogos começaram a explorar os diferentes espaços do vasto património natural desta escola. Dos bosques até junto das salas de aulas, quer expostos a Norte, quer expostos a Sul, os espaços tinham diferentes espécies, o que permitiu interligar o estudo de várias áreas curriculares.
Os participantes mais pequeninos, do Jardim de Infância do Parque, em S. João da Madeira, tiveram um desafio bem maior que eles! O que viveria debaixo das folhas? O que é uma sala de aula na Natureza? As respostas foram imensas e variadas, ainda que tímidas no início da descoberta. No final, tanto mistério ficou desvendado, a sala de aula ao ar livre era bem mais interessante que a habitual e as folhas, que podiam esconder tantos animais, afinal podem ser excelentes casas, acolhedoras para muitos insetos.
Este breve resumo, não contém em si a descrição mais completa de tudo o que tem vindo a acontecer nesta comunidade de aprendizagem, mas as imensas fotografias e partilhas, são reveladoras de um vasto trabalho e o ar feliz e encantado dos alunos é uma constante. Acima de tudo, com este primeiro desafio, estamos a conseguir, em conjunto, provar que a Natureza é realmente uma verdadeira montra, cheia de oportunidades de aprendizagem, onde a curiosidade, a iniciativa, a descoberta e a resolução de problemas são a chave para o conhecimento.
Veja AQUI algumas fotos das atividades realizadas nas escolas. Todas as fotografias foram tiradas pelos docentes participantes no projeto A Natureza é a melhor sala de aula e os devidos créditos estão presentes nas mesmas.
O projeto educativo “A Natureza é a melhor sala de aula”, promovido pelo CRE.Porto – Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto. O CRE.Porto é uma rede de educação-ação para a sustentabilidade liderada pela Universidade Católica Portuguesa – Porto e pela Área Metropolitana do Porto.