Johan Sibelius, compositor e violinista finlandês (1865-1957), afirmava que “a música começa quando as possibilidades da linguagem terminam”. Quando vemos 23 crianças a usarem a música, os sons e o movimento do seu corpo, sem palavras, para personificar o início de uma nova vida quando uma semente cai na terra, não podíamos estar perante uma tão grande certeza.
A EB1 do Conservatório do Porto inscreveu-se na Rede de Escolas do FUTURO com o objetivo de envolver o estudo da natureza, da árvore e das florestas nativas nas áreas da Música e das Expressões. Aliada a estas componentes, a turma do 2º ano do 1ºCEB, juntamento com a Professora Felismina e as técnicas do Centro de Educação Ambiental do Palácio de Cristal, vão ainda construir o seu pequeno viveiro.
Para melhor concretizar este plano, a escola conta a ajuda da Mentora Ana Maria Pinto, cantora lírica e professora de canto. Semanalmente, a Ana Maria visita este grupo de alunos para que, em conjunto, consigam preparar e ensaiar 23 canções originais que no final do ano letivo serão reunidas no Cancioneiro da Árvore e apresentadas num espetáculo público no Palácio de Cristal.
No passado 8 de fevereiro acompanhamos uma destas sessões. Durante uma hora não houve livros, cadeiras nem computadores e apesar de haver muita música, não houve nem uma partitura. Os pequenos grandes artistas, dotados de um ouvido já bem treinado, conseguiam decorar, rapidamente e de ouvido, todas as novas canções que a Ana Maria tocava ao piano. Num círculo que abraçava o pequeno saco de bolotas de sobreiro (Quercus suber), crianças com idades entre os 7 e os 8 anos, escutavam atentas os acordes e as melodias tocadas e cantadas ao piano e rapidamente eram reproduzidas por todos sem fugir da afinação.
A semente caía no solo… com trilos e movimento ondulantes, a semente começava a querer acordar “Somos as sementes que abrem o coração da Terra…”, era preciso chamá-la, “chamar a Terra!” e como tal ouvia-se o seu coração bater, lenta e profundamente “tum, tum…tum, tum…”. Já mais desperta, a pequena semente começava a desabrochar e o ritmo acelerava-se, a intensidade do movimento aumentava “tum, TAqui tum tum… TÀqui tum tum…” e no final, já em grande alegria e frenesim, dançavam o “sobreiro, o loureiro, jasminum fruticans e o myrtus, sabugueiro…”.
Podíamos agora contar todo o ensaio e toda a música que se cantou e dançou em nome das sementes e das árvores, mas não queremos revelar tudo. :)
A festa da sementeira estava ensaiada, a música e os gestos decorados e depois de colocar as bolotas em água (procedimento importante para o seu tratamento antes da sementeira) foi hora de descansar. Foi uma manhã muito diferente para todos. São iniciativas como estas que deixam o FUTURO cheio de orgulho, graças ao trabalho colaborativo repleto de criatividade, beleza e energia!
Durante os próximos dias, estes meninos irão semear as suas sementes e seguramente que, com atenção e cuidados melodiosos, as pequenas plantas vão crescer saudáveis e felizes!
Bom trabalho!
FOTOS | Créditos: ©2017CRE.Porto|ampereira
A Rede de Escolas do FUTURO é uma iniciativa do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, um projeto desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa e Área Metropolitana do Porto no âmbito CRE.Porto – Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto. O objetivo do Programa de Mentores da Rede de Escolas do FUTURO é o de garantir apoio às Escolas através do estabelecimento de laços entre os docentes coordenadores e especialistas em diversas áreas de intervenção, que colaboram graciosamente. Conheça as entidades e pessoas envolvidas no projeto