A floresta nativa é mais resistente e resiliente ao fogo. Além disso, pode atrasar a expansão deste. Várias evidências saem de trabalhos de distintas equipas de investigação. Alguns exemplos:

  • A sabedoria popular assume que alguns tipos de floresta, nomeadamente as folhosas caducifólias (como o castanheiro, o bidoeiro e o carvalho-alvarinho, por exemplo), modificam o comportamento do fogo limitando a sua expansão. Estudos vários sobre a modelação do fogo e sobre a seletividade do fogo na Península ibérica apoiam esta hipótese (Fernandes, 2013).
  • Os povoamentos florestais mais propensos ao fogo são os de pinheiro-bravo seguidos dos de eucalipto e os menos propensos são os de sobreiro, castanheiro, azinheira, pinheiro-manso. Esta propensão está fortemente relacionada com a carga de combustível acumulada em cada um dos tipos de povoamentos (Silva et al, 2009).
  • A presença de espécies folhosas diminui o risco de incêndio em áreas florestais, quando em comparação com a presença de povoamentos de pinheiro-bravo e eucalipto (Marques et al, 2011) (Moreira et al, 2009).
  • Após o fogo, uma floresta de folhosas mostra menos danos (menor mortalidade) e maior resiliência (capacidade de recuperação) do que um povoamento de pinheiro. Esta resistência e resiliência das folhosas garantem uma maior estabilidade na manutenção dos processos ecológicos e fornecimento de serviços dos ecossistemas (como sequestro de carbono, formação de solo, regulação do ciclo hidrológico, entre outros). Em consequência, é fundamental aplicar medidas de gestão que acelerem a regeneração natural das florestas de folhosas em áreas de maior risco de incêndio e integrar espécies folhosas em novas plantações, de modo a aumentar a resiliência e resistência ao fogo (Proença et al, 2010).
  • A perspetiva de redução da incidência de fogos num cenário de alterações climáticas é pouco expectável. Assim, há que investir estrategicamente na gestão inteligente do fogo que mitigue a sua severidade na paisagem, dando prioridade aos tipos de vegetação que são mais resilientes ao fogo, muitas vezes apesar da sua inflamabilidade (como é o caso do sobreiro, cuja mortalidade é mínima, recuperação da copa é rápida e regeneração abundante). (Fernandes, 2013) (Silva and Catry, 2006)
  • Uma parte da solução para os incêndios passa por reflorestar com espécies menos propensas ao fogo (folhosas caducifólias), em vez de deixar o território dominado por espécies mais aptas ao mesmo (Moreira et al, 2011).

Dá que pensar.

Guardar