“O senhor José chegou a horas com o autocarro, azul e branco, para nos transportar naquilo que viria a ser uma tarde fabulosa!
A T. M. obrigou-nos a quebrar o ritual da partida “impreterível” e, após sete minutos de espera, abalamos sem ela.
O Pedro, durante a viagem, desenhou-nos a tarde para aguçar o apetite dos participantes…
Aportamos na corticeira “Amorim & Irmãos”, fundada em 1922, onde fomos recebidos pelo administrador, Dr. João Paulo e pela representante da Câmara de Santa Maria da Feira, a Dra. Rosa Rocha. Esta, muito discretamente, acompanhou-nos durante todo o programa.
A encantadora Joana Mesquita, que é engenheira química mas não ostenta o “canudo”, de uma forma dinâmica e apaixonada guiou-nos através das instalações mostrando-nos ao vivo a arte de bem-fazer rolhas (as melhores do mundo!) e não só.
Constatamos que os sobreiros são conhecidos por serem as “árvores que dão rolhas”. No entanto, concluímos que estas não caem como frutos maduros, tal como muito boa gente pensa. Não é Joana!?
Este processo exige muita arte, dedicação e engenho. E uma pitada de paixão!
A próxima etapa teve como destino o Museu do Papel. Sem este suporte tão antigo, a transmissão do conhecimento, até aos nossos dias, teria sido impraticável. Muitas árvores foram, e são ainda, sacrificadas para a sua produção. Será desejável que, com as novas tecnologias, se minimize drasticamente esse efeito.
A dona Laura desfiou, com mestria, as várias etapas da produção do papel.
Conhecemos processos, maquinaria e histórias da evolução do seu fabrico.
Mais uma curta viagem, desta vez até à Mata das Guimbras, junto ao Castelo de Santa Maria da Feira. À nossa espera estava o Eng. Filipe Milheiro, o “dono” da mata, que nos guiou pelo seu labirinto verde, apresentando-nos as várias espécies residentes.
Logo ali ao lado o Imaginarius espreitava a oportunidade de nos conquistar. Não tivemos muito tempo para lhe dedicar atenção. E merecia!
A magia estava à nossa espera em Anta, Espinho, na casa oficina da família Capela.
Coubemos todos na pequena e acolhedora oficina que transpirava história por todos os recantos. Violas, violinos, violoncelos, arcos, madeiras, ferramentas, bancadas e várias fotografias, foram testemunhos que nos fizeram interiorizar o fabrico de tão nobres instrumentos!
Fomos envolvidos neste ambiente familiar e, guiados pela voz conhecedora do mestre António Capela, luthier reconhecido em todo o mundo, “aprendemos” a construir um violino.
Enquanto o mestre desenrolava o fio da sua fresca memória, com um relato que nos magnetizou, era assistido pelo já premiado Joaquim Capela, seu filho, que de uma forma presente e afável dava apoio à “narrativa”.
Ainda lá estaríamos, de tão apaixonados pelo encanto do momento, não fora a obrigação aprazada de devolver o autocarro ao seu legítimo proprietário…
O Pedro, no regresso, prometeu novos encontros mágicos, sempre à sombra das nossas amigas árvores. Aguardamos.”
FOTOS (Orlando Pereira e Vladimiro Pereira), e mais FOTOS (Fernando Oliveira) e ainda mais FOTOS (Renato Gil)
Esta atividade desenvolvida no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, é organizada pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e pelo CRE.Porto, com o apoio do Museu do Papel. É cofinanciada pelo ON.2.