No dia 18 de Abril, entre nuvens negras e previsões de mau tempo, a Rota das Árvores e Florestas da Área Metropolitana do Porto saiu à rua e cerca de 40 participantes embarcaram no autocarro, rumo a Santo Tirso e a todas as surpresas que estariam reservadas para esse dia.
A primeira paragem foi quase que obrigatória, para quem quer conhecer um pouco mais sobre a floresta e o património de Santo Tirso: visitamos o monte Córdova e o Centro Interpretativo do Monte Padrão.
Durante a fugaz visita ao Castro, o arqueólogo Álvaro Moreira e as responsáveis pelo Ambiente e Florestas, Carla Moreira e Célia Fonte, da Autarquia, aproveitaram para fazer um enquadramento histórico deste local. Apesar da vontade e força de todos, a chuva, teimosa, não nos deixou levar a cabo a ação de manutenção das áreas plantadas (voltaremos cá no dia 30 de maio). Abrigados na capela de Nossa Senhora do Padrão aproveitamos para ouvir Marta Pinto fazer um ponto de situação do projeto FUTURO.
Apesar do contratempo, a manhã continuou e o grupo teve oportunidade de visitar uma exposição belíssima, “Esculturas e Desenhos – 1963 – 2015” do célebre e internacional artista Alberto Carneiro, na Fábrica de Santo Thyrso. Nascido em Coronado, em 1937, e intimamente ligado a Santo Tirso, Alberto Carneiro é um caso pioneiro no que toca à Land Art. Com a sua visão da natureza, consegue redesenhar árvores gigantes como se fossem matérias escultórias, orquestrando e compondo os ramos, a folhagem, as raízes de uma forma surpreendente.
Ainda antes do almoço e aproveitando o Sol tímido, seguimos até ao Carvalhal das Valinhas, um local magnífico, repleto de imponentes carvalhos (Quercus robur) e sobreiros (Quercus suber). Celebrando-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, e contrariando o que muitas vezes acontece no museus, todos pudemos tocar, cheirar e abraçar um monumento, uma obra de arte da natureza, um belíssimo carvalho alvarinho.
Já com a alma cheia e com a fome saciada, depois de um piquenique dentro de portas no Centro Interpretativo do Monte Padrão, continuamos a viagem até à Quinta da “Casa do Casal” em Refojos de Riba d’Ave. Durante esta visita, sempre bem guiada pelo excepcional anfitrião Manuel Gil, entramos num bosque – mas não era um bosque normal, era um denso e histórico bosque de camélias! Aqui pudemos contar quase todas as cores de uma palete, através das lindíssimas camélias, desde a mais rara amarela (Chrysantha) até à única e leve camélia branca criada pela família, que herdou o nome do seu criador.
Já a chegar ao final do dia, ainda visitamos a Quinta e Casa de Diniz onde fomos recebidos, pela família Bento de Miranda e pelo doce gigante Pirata, um belo exemplar de uma raça autóctone, cão de gado transmontano, que pela sua simpatia e doçura, fez as delícias dos mais pequenos que se divertiram em grandes correrias. Nesta casa saboreamos outra das grandes riquezas de Santo Tirso, o doce jesuíta, e o fresco vinho verde. Depois do lanche, percorremos a floresta desta casa, onde apreciamos a grandeza de várias pinheiros mansos (Pinus pinea) – um dos quais com 4,64 m de PAP! – e sobreiros (Quercus suber). Ainda deu tempo para apreciar os cavalos e as vacas barrosãs que pastavam nos campos da quinta.
Alberto Carneiro dizia que “(…) a sua ligação às coisas da terra, tem longas raízes(…)” e neste dia, mais uma vez, pudemos constatar através destes belíssimos espaços geridos e herdados de geração em geração, que a natureza e a terra unem verdadeiramente as pessoas!
FOTOS Créditos das fotografias: ©2015CRE.Porto& ©2015RamonRuiz
Esta atividade desenvolvida no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto é organizada pela Câmara Municipal de Santo Tirso e CRE.Porto. É cofinanciada pelo ON.2.