Texto & Foto: Marta Pinto |
O Medronheiro (Arbutus unedo) é uma árvore ou arbusto da família Ericacea, a mesma da camarinha, da urze, dos mirtilos e do rododendro.
Habita no contorno da região mediterrânica e na Europa ocidental, preferindo solos algo frescos e algo profundos e um clima suave, sem geladas fortes. Encontra-se em bosques perenifólios (azinhais, sobreirais) e mais raramente pinhais ou eucaliptais.
O nome latino do medronheiro e dos seus frutos era arbutus. Na etimologia popular pensa-se que arbutus pode ser um diminutivo de arbor (significa pequena árvore). Outros autores fazem-no derivar do celta arbois, que significa áspero, eventualmente pela superfície dos seus frutos. Unedo, de acordo com alguns autores, procede do verbo latino edo, que significa comer. E do número unus (um só). Significa pois comer só um, o que pode fazer alusão ao facto de estes frutos terem a fama de embriagar e de dar dores de cabeça. De facto, quando bem maduros contêm uma boa quantidade de álcool.
As folhas e casca do medronheiro são ricas em taninos e por isso foram amplamente usadas na curtição de peles.
A madeira de medronheiro constitui um excelente combustível. Encontramos referências que noutros tempos era o preferido para casas e fornos. No entanto há um dito popular valenciano que contraria esta afirmação (“Si vols mal a la teva muller, dus li llenya d’arbocer“, se queres mal à tua mulher dá-lhe lenha de medronheiro).Teofrasto refere-se ao carvão excelente que se obtinha da madeira de medronheiro, no passado especialmente útil nas fundições de prata.Na Grécia antiga a madeira de medronheiro também era usada para fabricar instrumentos musicais (ex: flautas).
O poeta Virgílio (séc. I a.C.) na sua obra “Bucólicas e Geórgias” descreve que os medronheiros eram enxertados em nogueiras (não se sabe explicar porquê).
Um quadro muito famoso, que na corte espanhola era chamado “La pintura del madroño”, é o Jardim das Delícias Terrenas de Bosch. Foi pintado em torno do ano 1500 e no seu painel central está representado o paraíso terrestre. Os medronhos abundam. O original está no Museu do Prado.
González, G.A.L, 2007. Guia de los árboles y arbustos de la Península Ibérica y Baleares. 3ª edición. Ed. Mundi-Prensa. 894pp.