Foto & Texto: Marta Pinto |
O Freixo (Fraxinus sp.) tem na Pensinsula Ibérica 3 espécies: F. excelsior (apenas no norte), F. ornus (no mediterrâneo) e F. angustifolia (no resto da península). A espécie que estamos a plantar no âmbito do FUTURO é principalmente F. angustifolia, embora alguns exemplares de F. excelsior também tenham sido plantados na nossa região.
É uma árvore que prefere solos húmidos (embora possa suportar seca graças ao seu extenso sistema radicular) e que pode viver até 300 anos, atingindo alturas que podem chegar até aos 35 m.
Fraxinus deriva do grego frassein, que significa separação. Crê-se que este nome resulta do facto de ser uma árvore frequentemente usada para fazer separação e delimitação de espaços. E por falar na Grécia, na mitologia grega o freixo era governado pelo deus Poseidón, deus primitivo da vegetação. E um grego, Dioscórides (séc. I), escreve sobre as propriedades do sumo de freixo na cura de mordeduras de víbora.
O freixo é uma espécie muito popular na mitologia escandinava e germânica. A árvore cósmica para estes povos – Yggdasril – era um freixo: os seus ramos estendiam-se por toda a superfície da terra, o seu ápice ascendia até ao paraíso e as suas raizes fundiam-se no coração da Terra. O deus que se ocupava do governo da Terra – Odin- colocava-se sob a copa de Yggdasril para tomar as decisões importantes.Era auxiliado nesta tarefa por vários animais: um par de corvos, uma águia, um abutre e um esquilo. O esquilo corria incessantemente entre a águia – pousada na copa da árvore – e o ouvido de Odin, contando a este em segredo todas as informações úteis trazidas pela ave, que com o seu olhar de longo alcance conseguia ver o que se passava em todo o universo.
Mais uma curiosidade: os druídas (sacerdotes) celtas invocavam o freixo em tempos de seca e pediam chuva, mas não uma chuva qualquer. O freixo tinha o mérito de trazer uma chuva mansa.
A madeira do freixo desde sempre foi muito valorizada pois é muito elástica, sólida e tenaz. Era usada para elaboração de ferramentas, carroças, e ainda é usada para fabricação de acessórios desportivos (suporta vibrações e choques repetidos).
Reza a lenda nórdica que a primeira poesia escrita foi registada sobre tábuas de freixo por Kvasir, o mestre das Runas.